A história da odontologia é análoga à da medicina, tendo caminhado lado a lado com ela até chegar ao progresso atual. Galgou, no decorrer de sua trajetória, várias etapas, iniciando-se com o empirismo na Idade antiga, passando pelo período pré-científico nos séculos XVI e XVII e chegando ao período científico com o surgimento de escolas especializadas. As primeiras referências à odontologia datam de 3.700 a.C tendo sido encontrados, em manuscritos egípcios, citações sobre alguns problemas bucais, entre os quais dor de dente e feridas gengivais. Na corte do faraó Zoser, o grande especialista da arte dentária chamava-se Hesi-Re.
Achados arqueológicos dão conta que, em 2750 a.C, já se procedera procedimentos cirúrgicos; em uma mandíbula, duas perfurações abaixo das raízes do primeiro molar inferior mostram que ali ocorrera drenagem de um abscesso dentário. Referências sobre a odontologia também foram encontradas em documentos da Mesopotâmia, hoje Iraque. Ainda na antiguidade, na China, achados antropológicos evidenciam que essa população acreditava que a cárie dentária era causada pelo verme dental, sendo suas terapêuticas e diagnósticos baseados em rituais mágico-religiosos. De forma geral, os povos antigos se alicerçavam em explicações místicas para explicar as doenças bucais.
Período Pré-científico
Durante esse período, a Europa é dada como o berço da prática odontológica, surgindo, neste local, os primeiros escritos sobre esta ciência. Os primeiros terapeutas dentais eram médicos, porém, foi quando surgiram os cirurgiões barbeiros que se especializaram no tratamento de dentes na base da observação. No século XVIII, o médico francês Pierre Fauchard (1678 – 1761) com a obra “Tratado dos dentes para os Cirurgiões – Dentistas”, proporcionou um salto para a odontologia e passou a ser considerado o pai da odontologia Moderna. O livro abrange anatomia, fisiologia, entre outros assuntos; citava a “piorréia alveolar”, que recebeu o nome de “Enfermidade de Fauchard”.
Período Científico
O período científico da odontologia se iniciou com o desenvolvimento das escolas especializadas na prática dental, sendo que a primeira escola de odontologia surgida no mundo foi em 1840, nos estados Unidos, na cidade de Baltimore, no Estado de Marilância (Baltimore College of Dental Surgery). O curso tinha 16 semanas e a classe possuía cinco alunos.
Odontologia no Brasil
Estudos mostram que, quando o Brasil foi descoberto, os índios possuíam dentes bem implantados, poucas cáries, mas suficiente abrasão causada pela mastigação de alimentos duros. A tribo Kuikuro, do norte de Mato Grosso, preenchia as cavidades dentárias com resina de jatobá aquecida, que cauterizava a polpa e funcionava como obturação. A odontologia aportou no Brasil a partir de sua descoberta, em 22 de abril de 1500, trazendo os “barbeiros” para tratar dos dentes da população; eram homens iletrados, rudes, que exerciam seus trabalhos nas barbearias, ruas ou em domicílio.
O exercício da arte dentária no Brasil apenas foi regularizado em 09 de novembro de 1629 com a carta régia de Portugal. A partir desta data, todos os barbeiros teriam que passar por um exame de habilidade e provar que realmente entendiam da arte dentária. Quando a família real portuguesa já se instalara no Brasil, D João VI nomeou o cirurgião-mor do exército José Correia Picanço para controlar o exercício das funções realizadas pelos sangradores, dentistas, parteiras e outros.
Em 1820, chegou ao Brasil o francês Eugênio Frederico Guertin para exercer a função de dentista no Rio de Janeiro. Foi ele o primeiro autor de uma obra de odontologia feita no Brasil e de nome “Avisos Tendentes à Conservação do Dentes e sua Substituição”. A partir de então chegaram ao Brasil outros dentistas franceses, trazendo o que de melhor havia na odontologia mundial. A partir de 1840, começaram a chegar os dentistas dos Estados Unidos que pouco a pouco suplantaram os franceses.
No dia 25 de outubro de 1840 foi criado no Brasil o primeiro curso de odontologia (daí o dia do dentista ser 25 de outubro). Tinha a duração de três anos e estava ligado à faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Ao concluir o curso, o aluno recebia o título de cirurgião-dentista. Em 1911, por decreto promulgado pelo então presidente Epitácio Pessoa, o curso de odontologia se separou da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, oferendo curso de três anos. Em 1947, o curso de formação de dentistas passou a ter quatro anos, tendo formado sua primeira turma em 1951.
Paulo
25 abr 2019excelente